Você se prepara por anos, espera o tempo certo, organiza a papelada… e quando finalmente faz o pedido de aposentadoria, ele é negado. Sim, isso acontece com muita frequência. Na maioria das vezes, o problema não é falta de direito — é algum erro simples que passa despercebido, mas que faz toda a diferença no resultado. Neste artigo, vamos te mostrar os 5 erros mais comuns que travam pedidos de aposentadoria no INSS e como você pode evitá-los. Informação é o melhor jeito de se proteger contra a burocracia.
1º erro – Faltam documentos para comprovar o tempo de contribuição
O INSS exige provas, caso haja pendências a serem resolvidas no seu CNIS. Se algum período da sua vida profissional não estiver nessa base, ou – está no CNIS, mas apresenta algum indicativo de pendência que precise de provas pra ser resolvido – e se você não estiver bem documentado, ele pode ser desconsiderado, mesmo que você tenha trabalhado direitinho.
📌 Exemplo Prático:
João trabalhou como mecânico numa oficina no período de 01/01/2010 a 01/01/2020. A empresa fechou as portas no ano de 2021. E adivinha? A empresa não pagou todas as contribuições previdenciárias de João, deixando de recolher o período de 01/01/2016 a 01/01/2020. No seu extrato CNIS, apenas constava contribuições de 01/2010 até a competência 12/2015. Acontece que João não tinha o costume de consultar o seu extrato CNIS pra conferir se a empresa pagava direitinho suas contribuições. Além disso, por azar seu, perdeu a carteira de trabalho que comprovava a data de admissão e a data de rescisão naquela oficina. Pra piorar, João não tinha outros documentos pra comprovar o trabalho no período de 01/2016 a 01/2020.
Conclusão: João perdeu a chance de comprovar o seu trabalho como empregado na oficina mecânica, no período de 01/2016 a 01/2020, mediante a apresentação da carteira de trabalho ou por meio de outros documentos como: contracheque, termo de rescisão do contrato de trabalho, dentre outros listados no art. 19-B do Decreto 3048/1999. E esse tempo não poderá ser contado em um futuro pedido de aposentadoria, infelizmente. Entendeu a importância de conferir o seu cadastro regularmente? Esse é um erro gravíssimo que muitos cometem.
👉 Como evitar:
Tenha o hábito de conferir seu extrato CNIS de tempos em tempos, e veja se todos os períodos de trabalho estão registrados corretamente. Se faltar algo, reúna documentos que comprovem a atividade: carteira de trabalho, carnês, contratos, declarações. Essa consulta é especialmente importante para os trabalhadores que possuem carteira assinada, já que é muito comum que as empresas faltem com as contribuições, o que prejudica aquele trabalhador desinformado ou aquele que confia na empresa e deixa de conferir seu extrato CNIS regularmente. Acontece que o INSS só reconhece períodos pendentes de acerto mediante apresentação dos documentos permitidos para atualização do cadastro de vínculos e remunerações. Então, fica esperto(a)!
2º ERRO – Escolher o tipo errado de SERVIÇO OU BENEFÍCIO
Existem vários tipos de aposentadoria — por idade, por tempo de contribuição, por invalidez, especial, híbrida… e cada uma tem regras específicas. Muita gente pede o tipo de benefício errado sem perceber. Aí, o robô do INSS, que faz uma análise automática antencipada dos pedidos, pode negar seu benefício na hora, se o tipo estiver incorreto.
Por exemplo: uma pessoa que trabalhou a vida toda exposta a agentes insalubres (como ruído alto, produtos químicos, calor excessivo etc.) pode ter direito à aposentadoria especial. Mas se ela pedir a aposentadoria comum e não sinalizar no seu requerimento que possui atividade especial pra ser analisada, o sistema não considera o tempo especial automaticamente— e o pedido pode ser negado ou, pode até ser concedido, porém com o valor do benefício menor do que deveria.
📌 Erro comum:
Uma segurada já tinha os requisitos para aposentadoria por idade, o seu CNIS não apresentava nenhuma pendência pra regularização, mas fez o pedido como se fosse por tempo de contribuição. Como não tinha os requisitos pra essa espécie, o benefício foi negado automaticamente.
Leia também: Saiba a diferença entre tempo de contribuição e carência
👉 Como evitar:
Analise qual modalidade se encaixa melhor no seu histórico. Se tiver dúvidas, use o simulador do Meu INSS. Mas, de novo, CUIDE DO SEU CNIS! Se observar algum erro ou ausência de informação, ligue pra central 135 do INSS para ser orientado sobre qual serviço você pode solicitar para correção dos dados.
3º ERRO – Contribuições abaixo do salário mínimo
Se você pagou valores menores do que o salário mínimo da época, o INSS não considera esses períodos. E isso pode afetar tanto o tempo de contribuição quanto a carência.
Desde a Reforma da Previdência, que entrou em vigor em novembro de 2019 com a publicação da Emenda Constitucional n° 103/2019, o INSS só considera as contribuições feitas com valor igual ou superior ao salário mínimo. Se a contribuição for menor que isso, ela não conta para nada — nem para carência, nem para tempo de contribuição.
Esse problema costuma acontecer, por exemplo:
- Quando o emprego termina no meio do mês e o salário pago é proporcional;
- Quando há um reajuste do salário mínimo, mas o segurado continua pagando o valor antigo sem perceber.
👥 Mas e se você era empregado, doméstico ou trabalhador avulso — e o mês aparece zerado no CNIS?
Nesse caso, se você já preenche todos os requisitos para se aposentar, mas não tem como comprovar os salários de contribuição de certos meses, o INSS pode usar o salário mínimo como referência para calcular o valor da aposentadoria.
📖 Isso está previsto no § 2º do art. 36 do Regulamento da Previdência Social (Decreto 3.048/99):
“ No caso de segurado empregado, inclusive o doméstico, e de trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condições para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor dos seus salários de contribuição no período básico de cálculo, será considerado, para o cálculo do benefício referente ao período sem comprovação do valor do salário de contribuição, o valor do salário-mínimo e essa renda será recalculada quando da apresentação de prova dos salários de contribuição. (Redação dada pelo Decreto nº 10.410, de 2020).
💡 Ou seja: o INSS pode usar o salário mínimo provisoriamente, mas o valor do benefício pode ser revisto depois, caso o segurado consiga apresentar documentos com os valores reais dos salários da época.
🧩 Já quando existe contribuição abaixo do mínimo (por exemplo, R$100 em vez de R$1.400), o sistema não valida automaticamente. Aí é necessário regularizar a situação, e há três opções no Meu INSS:
- Pagar a diferença (complementar o valor faltante);
- Agrupar contribuições de meses diferentes para alcançar o valor mínimo;
- Usar valores excedentes de outros meses para completar os que ficaram abaixo.
E o melhor: você não precisa ir até uma agência do INSS pra resolver isso! Basta acessar o Meu INSS e usar o serviço chamado:
📲 “Ajustes para alcance do Salário Mínimo – Emenda Constitucional 103/2019”
Esse serviço vale para:
- Empregados (com ou sem carteira assinada),
- Empregados domésticos,
- Trabalhadores avulsos,
- Contribuintes individuais que prestam serviço para empresas.
📌 A plataforma vai calcular automaticamente quanto falta e o que pode ser feito. A complementação é baseada na diferença entre o que foi pago e o salário mínimo do mês, aplicando a alíquota correta de cada categoria.
📌 Caso prático:
Um contribuinte individual fez vários pagamentos mensais com valor abaixo do mínimo sem perceber. O INSS desconsiderou todo esse tempo, e o pedido foi negado por tempo insuficiente.
👉 Como evitar:
Sempre confira se a contribuição está no valor igual ou superior ao salário mínimo vigente. Se houve pagamentos menores, talvez seja possível complementar os valores. Mas isso precisa ser feito com atenção e, de preferência, orientação.
4º erro – Falta de provas do tempo rural ou especial
Quem trabalhou na roça ou em condições insalubres precisa apresentar documentos específicos. Sem essas provas, o INSS simplesmente não reconhece esse tempo.
📌 Exemplo prático:
Um segurado trabalhou muitos anos em área rural, mas não apresentou documentos em nome próprio ou em nome do grupo familiar ( pais, filhos, cônjuge). Neste caso INSS não aceitou.
👉 Como evitar:
Para tempo rural, apresente notas fiscais, blocos de produtor, documentos diversos do grupo familiar ou em nome próprio em que contenha data de emissão e profissão como sendo lavrador ou agricultor. É importante que os documentos estejam legíveis, sem rasuras e se refiram ao período efetivamente trabalhado no meio rural que são chamados de documentos contemporâneos.
Para tempo especial, o PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) é o principal documento usado para provar que você trabalhou em condições insalubres ou perigosas.
📌 Dica importante: peça o PPP no momento da rescisão do contrato de trabalho. Não deixe para depois!
Sabe por quê? Se a empresa fechar, mudar de nome, for vendida ou desaparecer, pode ficar muito difícil ou até impossível conseguir esse documento depois. Sem o PPP, você pode perder o direito ao tempo especial na aposentadoria.
✅ Então anota aí: saiu do trabalho? Já solicita o PPP atualizado!
5. Não acompanhar o pedido no Meu INSS
Muita gente protocola o pedido e acha que está tudo certo. Mas o INSS pode fazer exigências e dar prazos curtos para resposta, em regra são 30 dias de prazo. Se você não acompanhar, o processo pode ser indeferido ou arquivado.
📌 Erro comum:
A pessoa deu entrada no pedido e esqueceu de olhar o aplicativo. Quando percebeu, já tinha perdido o prazo para apresentar documentos faltantes. O pedido foi indeferido.
👉 Como evitar:
Acompanhe o andamento do pedido pelo site ou app Meu INSS semanalmente. Verifique se há exigências, prazos ou atualizações. E se o pedido for negado, ainda é possível recorrer ou buscar o Juizado Especial, dependendo do caso.
Conclusão
Aposentar-se é um direito, mas também exige atenção aos detalhes. Documentos certos, modalidade correta, contribuições no valor mínimo… tudo isso faz diferença.
A boa notícia é que muitos desses problemas têm solução. Com informação, organização e acompanhamento, você evita atrasos e aumenta muito as chances de ter o benefício aprovado logo na primeira tentativa.
Aqui no Justiça Prática, a gente está sempre ao seu lado pra transformar o que parece complicado em algo claro e possível.
📝 Dica final: Antes de pedir sua aposentadoria, faça um checklist simples:
✅ CNIS revisado
✅ Documentos reunidos
✅ Modalidade escolhida corretamente
✅ Contribuições no valor certo
✅ Acompanhamento no Meu INSS
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Quer garantir que sua aposentadoria não seja travada por erros simples? Consulte essas orientações direto da fonte oficial:
📌 Vai pedir aposentadoria? Fique atento às dicas na hora do requerimento – Portal INSS
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